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Toxicologia da Metadona

 

A toxicidade da metadona pode resultar da overdose aguda ou da acumulação por uso crónico (Hill & Thomas, 2009). Há dois sistemas do organismo que são particularmente afetados: respiratório e cardiovascular.

 

O elevado risco de morte devido à metadona está relacionado com a depressão respiratória causada pela ação da droga no centro respiratório situado no SNC e com a obstrução respiratória causada pelo relaxamento muscular (Darke, Duflou, & Torok, 2010). O efeito inibitório da metadona no centro respiratório do cérebro pode ainda levar a hipoventilação e edema pulmonar.

 

Ao nível cardiovascular, os efeitos toxicológicos deste fármaco são igualmente perigosos. Em elevadas concentrações, a metadona pode provocar atrasos na repolarização ventricular, o que leva a um prolongamento do intervalo QT, podendo provocar Torsades de Pointes, paragens cardíacas e outras complicações. A gestão da arritmia poderá ser feita através da administração intravenosa de magnésio (Bateman, 2012).

 

Outro sistema para o qual a metadona poderá apresentar alguma toxicidade é o sistema reprodutor. Estudos têm demonstrado que a taxa de indivíduos com disfunção sexual é bastante superior entre os consumidores desta substância. Isto deve-se ao facto da metadona interferir com a produção das hormonas reguladoras provenientes do complexo hipotálamo-hipófise, afetar diretamente a produção de testosterona e aumentar a prolactina sérica (Brown & Zueldorff, 2007).

 

O uso de múltiplas drogas e, em particular a presença simultânea de outros depressores do SNC, como benzodiazepinas e outros opióides, têm muito provavelmente constituído um elemento importante no mecanismo que leva à morte por metadona (Bernard et al., 2013).

A obesidade pode ser um fator de risco para a morte por metadona. Esta hipótese é suportada pelo facto dos indivíduos obesos terem uma maior depressão respiratória e já sofrerem normalmente de apneia do sono (Pilgrim, McDonough, & Drummer, 2013).

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